A estrutura dos lares brasileiros está mudando, e os dados do Censo 2022 mostram isso com clareza. O modelo tradicional de casa com pais e filhos deixou de ser a maioria. Hoje, as residências estão menores, mais diversas e refletem novas formas de viver.
O Brasil passou de 57 para 72 milhões de domicílios entre 2010 e 2022. No entanto, a média de moradores por casa caiu de 3,3 para 2,8 pessoas. Ou seja, apesar do aumento no número de domicílios, estamos convivendo menos sob o mesmo teto.
O número de lares unipessoais (com apenas um morador) subiu de 12,2% para 18,9%. Dentro desse grupo, a maior parcela é de pessoas com 60 anos ou mais (28,7%). São mais de 5,6 milhões de brasileiros, majoritariamente mulheres 60+ morando sozinhas. Esse dado se relaciona com a maior longevidade feminina e novos arranjos familiares após separações ou viuvez.
Para entender o impacto dessa mudança no setor imobiliário, acesse o estudo Residências para Longevidade, desenvolvido pela MV Marketing em parceria com a geroarquiteta Flavia Ranieri.
Os lares brasileiros estão mais diversos
Além do crescimento dos lares unipessoais, outras transformações reforçam a pluralidade das novas configurações familiares:
- Crescimento de casais sem filhos
- Mais mulheres no papel de responsáveis pelo domicílio
- Expansão dos lares homoafetivos, de 59 mil para 391 mil
- Predominância de pessoas pardas como chefes de família
Essas mudanças indicam que os lares brasileiros já não seguem um único padrão. Pelo contrário, eles refletem diferentes escolhas, estilos de vida e composições.
O que o público espera da moradia
Mas afinal, o que o público maduro e independente realmente espera da moradia hoje?
Escutas ativas realizadas pela MV Marketing e por Flavia Ranieri indicam que esse público busca mais do que um imóvel. Ele busca propósito, autonomia e convivência intergeracional.
Algumas preferências já se destacam:
- Autonomia no cuidado com a saúde: Decidir onde, quando e como receber assistência. Serviços sob demanda, como fisioterapia, pilates e personal trainer, ganham destaque.
- Convivência intergeracional: Com o avançar da idade, continua sendo um desejo conviver entre várias gerações.
- Tecnologia funcional: Simples, útil e opcional. Sensores de queda, fechaduras digitais e automação leve são bem-vindos quando ampliam a liberdade.
- Ambientes bem pensados: Iluminação natural, integração com a natureza, espaços para convivência e acessibilidade são prioridades.
- Localização estratégica: Morar perto de serviços, família e áreas verdes é essencial. Lugares isolados geram rejeição.
- Modelos de moradia com significado: O que se busca não é luxo, mas um novo padrão de conforto, com privacidade e serviços relevantes, inclusive pay-per-use.
Mesmo quando a casa atual já não atende, mudar nem sempre é simples. A moradia carrega vínculos, histórias e significados. Isso exige do mercado mais escuta, mais empatia e soluções que façam sentido para quem vive esse momento.
Para uma visão mais ampla, acesse o estudo Residências para Longevidade.
Como o mercado pode responder
Embora o perfil dos lares brasileiros tenha mudado, os projetos imobiliários continuam sendo desenvolvidos a partir de um modelo que ignora o fator tempo. A maioria das residências ainda é pensada como se os moradores não fossem envelhecer.
Na prática, isso significa morar em espaços que não acompanham as transições da vida. Casas que deixam de atender quem vive nelas justamente quando mais se precisa. Em vez de proporcionar autonomia, segurança e conforto ao longo dos anos, exigem reformas, adaptações ou até a saída definitiva.
Projetar pensando na longevidade não é limitar. É ampliar. É criar espaços que funcionam para todas as idades e que seguem sendo úteis, acessíveis e funcionais em diferentes momentos da vida.
Hoje, mais de 50 milhões de brasileiros entre 50 e 80 anos vivem de forma ativa e independente. Eles buscam moradias alinhadas às suas necessidades e valores. E ainda encontram poucas opções adequadas no mercado.
O retrato dos lares brasileiros já mudou. Cabe às marcas enxergarem esse movimento e responderem com estratégia.
